Histórias da Capoeira e Grandes Mestres


"(...) O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar a chegada da polícia), o Amazonas e o Iuna. (...)"

















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Mestre Pastinha
"Elementos da Capoeira Angola
Já dizia o Mestre Pastinha, "Capoeira Angola é, antes de tudo, luta e luta violenta." Mas atualmente a Capoeira é normalmente  praticada como um  esporte ou simplesmente folclore para perservar as tradições.


























É claro que entre os praticantes sérios, em seus treinos, os golpes são apenas simulados e a Capoeira torna-se um exercício físico e mental. A violência dos seus golpes, no entanto, não deixa espaço para meio termo; ou joga-se Capoeira 'para valer', com as suas sérias consequências ou apenas simula-se um jogo. A possibilidade de enquadrá-la em regras esportivas é inexistente; quem assim o faz está sendo leviano ou não conhece de fato a Capoeira. 
Os Golpes 

A Capoeira Angola tem um número relativamente pequeno de golpes que podem, no entanto, atingir uma harmoniosa complexidade através de suas variações. Assim como a música tem apenas sete notas .

Os seus principais golpes são: Cabeçada, Rasteira, Rabo de Arraia, Chapa de Frente, Chapa de Costas, Meia Lua e Cutilada de Mão. A Música

A Capoeira é a única modalidade de luta marcial que se faz acompanhada por instrumentos musicais. Isso deve-se basicamente às suas origens entre os escravos, que dessa forma disfarçavam a prática da luta numa espécie de dança, enganando os senhores de engenho e os capitães-do-mato. No início esse acompanhamento era feito apenas com palmas e toques de tambores. Posteriormente foi introduzido o Berimbau (foto), instrumento composto de uma haste tensionada por um arame, tendo por caixa de ressonância uma cabaça cortada. O som é obtido percutindo-se uma haste no arame; pode-se variar o som abafando-se o som da cabaça e (ou) encostando uma moeda de cobre no arame; complementa o instrumento o caxixi, uma cestinha de vime com sementes secas no seu interior.

O Berimbau, um instrumento usado inicialmente por vendedores ambulantes para atrair fregueses, tornou-se instrumento símbolo da Capoeira, conduzindo o jogo com o seu timbre peculiar. Os ritmos são em compasso binário e os andamentos - lento, moderado e rápido são indicados pelos toques do Berimbau. Entre os mais conhecidos estão o São Bento Grande, o São Bento Pequeno (mais rápido), Angola, Santa Maria, o toque de Cavalaria (que servia para avisar a chegada da polícia), o Amazonas e o Iuna.

Numa roda de angoleiros o conjunto rítmico completo é composto por: três berimbaus (um grave - Gunga; um médio e um agudo - Viola); dois pandeiros; um reco-reco; um agogô e um atabaque. A parte musical tem ainda ladainhas que são cantadas e repetidas em coro por todos na roda. Um bom capoeirista tem obrigação de saber tocar e cantar os temas da Capoeira. O Jogo 

"Capoeira é um diálogo de corpos, eu venço quando o meu parceiro não tem mais respostas para as minhas perguntas" - Mestre Moraes. O jogo da Capoeira na forma amistosa, ou seja, na roda é verdadeiramente um diálogo de corpos. Dois capoeiristas se benzem ao pé do Berimbau e iniciam um lento balé de perguntas e respostas corporais, até que um terceiro 'compre o jogo' e assim desenvolve-se sucessivamente até que todos entrem na roda. A Malícia 

Elemento básico da Capoeira Angola, a malícia ou mandinga a torna ainda mais perigosa. Essa malandragem que faz que vai e não vai, retira-se e volta rapidamente; essa ginga de corpo que engana o adversário, faz o diferencial da Capoeira em relação às outras artes marciais. Essa é uma característica que não se aprende apenas treinando. 
Mestres
Vicente Ferreira Pastinha
 (1889-1982) - Mestre Pastinha, "mestre da Capoeira de Angola e da cordialidade baiana, ser de alta civilização, homem do povo com toda a sua picardia, é um dos seus ilustres, um de seus obás, de seus chefes. É o primeiro em sua arte; senhor da agilidade e da coragem..." Jorge Amado. Baiano de Salvador, do Pelourinho, Pastinha foi o grande mestre da Capoeira Angola, aperfeiçoando a arte centenária dos escravos. Ele organizou uma escola, estabeleceu um método de ensino com base nas antigas tradições e ainda escreveu o primeiro livro do gênero, onde expõe a sua concepção filosófica. Foi com o Mestre Pastinha que foram instituidas as cores amarelo e preto para o uniforme dos angoleiros e a constituição da bateria composta por três berimbaus, dois pandeiros, um atabaque, um reco-reco e um agogô. "Capoeira é tudo o que a boca come", dizia ele na sua singular filosofia. Formou capoeiristas como João Grande, João Pequeno, Curió e tantos outros.








Mestre Bimba
(Manoel dos Reis Machado)


 








     Manoel dos Reis Machado, Mestre Bimba (1900/1974), foi um dos maiores capoeiristas de todos os tempos. Excelente jogador, lutador respeitado, era um exímio cantador e tocador de berimbau.
     Bimba foi o primeiro capoeirista a receber uma autorização dos órgãos públicos para o funcionamento de uma academia oficial para a prática da Capoeira.
     Mestre Bimba revolucionou a concepção conservadora que se tinha da Capoeira, criou seu estilo próprio, transformando-a em arte e esporte popular. Foi convidado pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, para fazer uma exibição, ocasião em que Getúlio declarou que a Capoeira era uma luta de valor sem igual.
     É o nosso grande Patrono, respeitado e admirado por todos os capoeiristas, recebeu o título de Doutor Honoris Causa post-mortem pela Universidade Federal da Bahia, por notório saber.






Mestre Bimba

Lendário Mestre Bimba




















Mestre Waldemar

Mestre Waldemar
Nome: Waldemar Rodrigues da Paixão
Pais: Brasil
Cidade: Salvador
Data de nascimento: 22-02-1916
Defuncion: 00-00-1990
Origem: Mestre Ricardo de Cais do Porto, Talabi, Siri de Mangue, Canário Pardo

1) Mestre Waldemar, Waldemar Rodrigues da Paixão, mestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 – Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.

A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferencia para os primeiros.

Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O esculpidor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina et na de Mestre Bimba.

De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar revindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.

Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico. Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus. Assim, Jorge Amado menciona Mestre Traíra, também da Liberdade, como assíduo visitante de Waldemar.

Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. www.wikipedia.org


2) Mestre Waldemar (1916 – 1990)

Mestre Waldemar Da Paixão, da Liberdade, da Avenida Peixe, capoeirista conhecido pelos seus berimbaus coloridos e por sua voz inconfundível. Iniciou na capoeira com 20 anos de idade, em 1936, foi aluno de Canário Pardo, Periperi, Talabi, Siri de Mangue e Ricardo de Ilha de Maré. Começou a ensinar capoeira em 1940, na Estrada da Liberdade, no inicio era ao ar livre e depois passou para um barracão de palha que ele mesmo construiu. O local virou ponto de encontro dos capoeiristas baianos, e aos poucos a roda de mestre Waldemar foi se tornando muito famosa e todos os capoeiristas da Bahia iam lá jogar. No livro Bahia: imagens da terra e do povo, publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no Domingo a tarde, no Corta Braço, na Estrada das Boiadas, destacando a qualidade do mestre como cantador: “Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que começam a mover-se: olhe o visitante atentamente, como aqueles homens nem ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível, de dentro para fora.(…) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se sucedem em imprevistos de segundos. É um milagres em que a violência de um ataque resulte em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém se agride. É combate, é baile que dura horas.”
Mestre Waldemar sempre procurou um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo todos em seu barracão com muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com Mestre evitava conflitos provocados pelos chamados ‘valentões’. Sobre esses conflitos Waldemar nos conta: “Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, Mestre que aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(…) Me respeitavam muito os meus alunos. E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim, eles vinha pro pé de mim e ninguém brigava.”
O canto e o toque de berimbau não eram suas única habilidades o mestre também era um exímio jogador de capoeira. Ele relembra: “Quando eu jogava, eu dizia: toque uma angola dobrada. É um por dentro do outro, passando, armando tesoura, se arriando todo. Parece que eu tô vendo eu jogar. Eu joguei muito.(…) Eu gostava de jogar lento, pra saber o que faço. Pelo meu canto você tira. Eu canto pra qualquer um menino desse jogar, e ele jogo sem defeito. Para os meus alunos eu digo que vou cantar e eles já sabem o que eu quero: são bento pequeno. É o primeiro toque meu. Para o outro tocador eu digo : ‘de cima para baixo’, e ele sabe que é são bento grande. Para viola eu digo: ‘repique’, e ele bota a viola pra chorar.”
Mestre Waldemar conta que no seu tempo, e nas suas aulas a capoeira era ensinada na roda, mas que também havia os dias de treino. “Eles jogavam e eu fazia sinal pra fazer tesoura, fazia sinal pra chibatear, fazia sinal pro outro abaixar. “









MESTRE ZÉ DE FREITAS
 Metre Zé de Freitas.

Nascido na cidade de Macaquinhos (BA), em 29 de abril de 1926, José de Freitas começou a treinar capoeira em 1946 com Mestre Caiçara, que depois de algum tempo o apresentou para o inesquecível Mestre Waldemar Rodrigues da Paixão (o Poeta), virando assim seu discípulo.
Mestre Zé de Freitas foi um pioneiro da capoeira em São Paulo. Veio para terra da garoa ainda no final da década de 50, e começou suas atividades capoeirísticas (ainda proibida nessa época) num pequeno corredor de pensão de mais ou menos 3mt x 2mts, no bairro da Móoca.
Teve uma passagem no Clube CMTC, onde realmente deu-se início a trajetória da capoeira paulista., junto com outros grandes mestres, onde originou-se a capoeira que vemos hoje no centro sudeste de São Paulo. Trajetória essa que levou o Mestre Zé de Freitas a outro rumo, que a olhos de outros capoeiristas é complexa, assunto esse para falar-se futuramente em outro tópico.
Mestre Zé de Freitas formou capoeiristas que hoje também fazem parte dA história de nossa capoeira como: Mestre Pinatti, Mestre Joel, Mestre Mello, Mestre Serginho e Mestre Dulcidio (que hoje junto com o professor Marcelo representa o grupo Associação de Lutas Unidas Capoeira, fundada pelo Mestre Zé de Freitas).
Sua última vinda à São Paulo foi em junho de 2007, para participação de documentário chamado Reunião dos 9, onde tentam resgatar a história da Capoeira Paulista. O mestre Zé teve acompanhamento o tempo todo de seu eterno aluno e amigo Mestre Dulcido e do Professor Marcelo.
Mestre Zé de Freitas se encontra hoje em Alagoinhas com seus quase 83 anos puxando seus treinos ainda.





Mestre Carapau


José Paulo Dias Carapau, 1948 / +2010, natural de Porto Ferreira - SP.

Professor de Judô durante cinco anos (1965 - 1970). Iniciou a Capoeira em 1968 com seu aluno de Judô, formado pelo Mestre Traíra.

Em 1970, passou a treinar com o Mestre Mello (Antônio Gonçalves de Mello, 1920 / +1990).

Em 1975 fundou o Grupo Angolinha na cidade de Porto Ferreira - SP. Em 1980 fundou a Academia Sindicato dos Eletricitários, onde permaneceu até 1987.

Em 1980, foi o 16º Mestre a assinar o Livro de Ouro da Federação Paulista de capoeira. Foi Secretário Geral da F.P.C. e no seu segundo mandato elegeu-se Presidente do Conselho Fiscal.

Criou o 1º Campeonato Folclórico Mestre Canjiquinha (1982 / 1983) para a F.P.C. e o 1º Campeonato Folclórico do Grupo. Levou o Grupo Angolinha a ser Tri-campeão Paulista deste campeonato em 1985 - 1987, além de ter conquistado vários outros Campeonatos e Festivais dentro e fora da Federação.

Em 1990 criou a Diretoria do Grupo Angolinha. Já em 1998 criou o Conselho Superior de Mestres (os cinco Mestres com maior período em atividade no Grupo).

Em 1985, criou a graduação de Estagiário (azul com a tarja branca) e em 1988, Contra-Mestre (trançado com a tarja branca) e a graduação Mirim.

Implantou o quadro de avaliação técnica, a filosofia, didática de aula, sistema de formatura e as regras do Grupo Angolinha.

Formou, quarenta e três alunos, entre eles: Costinha, Índio, Ouriço, Piedade, Siriema, Chico, Bem te vi, Samongo, Esquina, Travesseiro, Cabelo, Jatobá, Golero, Lampião, Amarelinho, Da Bahia, Raia, Raiz, Pastinha, Macuco, Chevette, Toco, Tico, Magoo, Gatinha, Pancada, Pipoca, Jabuticaba, Jaca, Pernalonga, Fuscão, Cenourinha, Tomate, Colibri, Sabiá, Apache, Curisco, Pele, Moita, Bolinha, Xerife e Angoleiro.

Infelizmente, em Jan/2000 afastou-se do Grupo por questões de saúde, mas com um objetivo em mente: escrever um livro.